quarta-feira, 23 de março de 2011

Os Deolindos: Burgueses urbano deprimidos pseudo-intelectuais da tanga

Chegou-me via e-mail:

"Coitados dos deolindos, esses putos de 25 anos que apesar de terem uma licenciatura em gestão de artes cénicas não encontram trabalho na sua área e que como muitos são contratados para um estágio onde não recebem mais de quinhentos euros e que não têm dinheiro para comprar uma casa com três quartos no Chiado e por isso vivem com os pais em vez de partilhar um apartamento com mais três deolindos e que são obrigados a andar de transportes porque não há banco que lhes dê um crédito para comprar um Golf.

É fodido ter 25 anos e confirmar que a vida lá fora não respeita as mordomias a que estávamos habituados em casa dos pais. É fodido não receber 2.000 Euros porque "fartei-me de estudar", é fodida a incerteza de um contrato de trabalho merdoso, é fodido. Eu acho bem que os deolindos se queixem à porta da Bicaense, que bramem contra as injustiças do liberalismo, que cantem hinos no festival da Zambujeira. Pois.

O que eu já acho mesmo fodido é que os Deolinda, esse grupo de intervenção estilo Lux, não cantem a essa geração de trabalhadores das fábricas de São João da Madeira que se matam a trabalhar de sol a sol e pelo salário mínimo, se é que recebem, porque muitas das vezes os patrões declaram-se em falência para abrir outra fábrica mesmo ao lado.

Fodido mesmo é que o Bloco de Esquerda, os líderes da esquerda betinha e fracturante, nunca se tenha lembrado dos salários miseráveis das educadoras de infância, das empregadas de supermercado, das cabeleireiras, das senhoras da limpeza, porque esta gente não canta hinos, não é gira, não tem um curso superior em Cultura Visual, não lê Paul Auster, não tem tempo para se queixar porque passa a vida a trabalhar.

Basicamente, estes defensores da suposta geração perdida são incapazes de sentir empatia pelo povão, pela que sempre se chamou classe trabalhadora e que é realmente a geração desperdiçada, gente cuja força bruta e capacidade de sacrifício e de trabalho ninguém aproveitou mais que para encher centros comerciais e estádios de futebol.

Gente que acorda de madrugada para dar de comer aos filhos e a uns pais cuja reforma não passa dos 250 euros, que paga empréstimos, crédito habitação, impostos, segurança social, tem os putos em escolas e ATL, mas que chega ao fim do mês sem capacidade de poupança porque não lhes dá o ordenado para mais e que não sai da cepa torta, incapaz de pertencer à classe média, que é a que levanta o país e que realmente deveria interessar ao Bloco, aos deolindas e a todos estes indignados.

Mas esta gente que não interessa a ninguém porque não vai a concertos no Coliseu ouvir os Deolinda porque não têm dinheiro nem pais a quem continuar a chular as entradas enquanto se queixam que são escravizados."


Teremos sempre de agradecer aos nossos nobres antepassados o terem-nos preparado para as crises, pois reza a história de Portugal andarmos mergulhados em frequentes crises económicas, politicas ou outra do género gravoso para a plebe!

2 comentários:

  1. Este texto é de uma ignorância extrema. Não há razões para os jovens se queixarem? Há muitos problemas em Portugal, mas esta tentativa de desvalorizar o que fizeram os Deolinda e as queixas reais de muita gente em situação laboral precária é de uma violência intelectual atroz. Quem escreveu o texto quer o quê? Que as pessoas não se queixem? Isso é que era bom! Eu também não gosto do que ele escreveu, mas tenho de levar com ele. É a democracia, baby. E bem hajam os Deolinda por fazerem coisas maravilhosas, que apontem as muitas injustiças deste país!

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